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Septeto Típico de Sones |
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Antonio Bacallao |
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À meia-noite, se desfez o encanto... O "Septeto Típico
de Sones" se desmanchou, cada um para sua casa, e o octeto da "Zás-Brás
Elucubrações Artísticas" saiu à rua Obispo à procura de transporte,
subindo no rumo da pracinha da esquina da Av. Monserrate.
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La Floridita |
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Salão de La Floridita |
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No balcão |
O resistente restante quarteto
atravessou a porta guarnecida em mármore e ferro da Floridita e entrou no
casarão rosa, solenemente anunciada pelo luminoso que a encima como "um
dos sete bares mais famosos do mundo". Não parecia tão grande quanto a fama:
um salão típico de bar, grande espelho atrás do balcão, muitas fotos pelas
paredes (certamente, uma tradição cubana), lambris e mesas redondas de madeira,
lustres aparentando estrelas multipontudas.
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O casal de turista |
Destacado no ambiente, o grande dossel
sustentado por colunas finas que rebatia ao chão um minipalco, de não mais que um
palmo de altura. Estranhamente, não se ouvia a música ao
vivo, estariam no intervalo?... Ou talvez a programação fosse mesmo tardia:
homens solitários tomavam drinks no balcão, turistas se esparramavam por sofás
e cadeiras...
Conseguiram uma no sofá lateral e por
uns tempos, na falta do que fazer, observaram o ambiente e investigaram as cervejas.
Raíssa queria uma bem leve e pediu, por indicação da garçonete, a Cristal. Os
rapazes, fazendo-se de fortes, escolheram Bucanero Fuerte.
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Com Hemingway em La Floridita |
- Aquele cara lá no fundo... Não parece
uma estátua?...
E era mesmo!... Dominando o canto
do balcão, uma versão metálica e altaneira do
próprio Hemingway, que tomara ali, há
muito tempo, o seu último daiquiri...
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O barman e os turistas |
Difícil voltar à mesa que, imediatamente, o palco foi ocupado
por um quinteto musical ao estilo "casa noturna", na linha romântica
da música cubana, com destaque para as vocalistas (e também percussionistas) e
suas blusas cobertas de lantejoulas negras.
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Música em La Floridita |
Enquanto ouviam uma sequência de boleros cubanos, a turistada
aflorava no salão, encharcando os barmen
com pedidos de drinks e chacoalhando
os ossos no ritmo do reco-reco de cabaça que a morena charmosa tocava...
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Levando o selo |
Nesse embalo, o quarteto Zás-Brás passou das duas da matina,
até que, um tanto adernado pelas cervejas e outras bebidas mais turísticas,
saiu cambaleando sobre as lembranças da calçada da Floridita.
Atacaram o primeiro táxi disponível e seguiram no rumo do
hotel. E da cama, onde ensaiaram, em sonhos e pesadelos (além da azia e dos
refluxos), a estreia cada vez mais improvisada da Zas-Brás Elucubrações
Artísticas em terras cubanas...
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Táxi noite a fora |
Eliete e Eli, à parte, fizeram a sua parte e à essa altura
da noite dormiam profundamente. Não tomaram conhecimento da chegada da parte
mais turística do grupo. De outro lado, Amanda e Rolé tiveram também uma noite
tranquila. Pena que cansativa... Acabaram virando a noite, de conversa, no meio
fio, de onde passaram para um banco do Paseo de Martí. O que não estava no
roteiro é que o dono do apartamento (e nessa Rolé se deu mal) não deixaria
Amanda (mesmo que virasse Onça) levar o seu (um tanto esforçado) convidado para
o quarto: esqueceu (ou não sabia) que a proibição consta do regulamento, e o
governo controla, do serviço de hospedagem em residências cubanas...
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PaCuCoBras [grupo
fechado] – Comentários:
Amanda Onça Foi
legal passar a madrugada na rua, vendo a boemia cubana. Na verdade, é uma
boemia turística...
Rolé de Matos A alternativa saiu ali, na hora, espontânea, e
o papo foi bom. Aliás, nem lembrava mais do que fizemos antes.
Berto Triz Tonho Fui ver minhas fotos da viagem, achei um vídeo,
nem lembrava, que gravei justamente nessa noite... Andando entre os dois bares,
subindo a Calle Obispo, fui filmando a rua, registrando passantes, vitrines e até
trechos no escuro, enquanto fazia um "discurso" em portunhol, que, no
ato, chamei de "Impressões sobre o futuro do mundo", apenas...
Que transcrevo (e
"traduzo") aqui: "Há a sensação de que tudo mudará e que todos
teremos um novo mundo pela frente, um futuro diferente, e não se
sabe, contudo, o que é... Porém, esse novo mundo (que é uma negação do
capitalismo) terá que buscar referências em algum ponto. E onde estão as
referências? No socialismo real? No que se fez na Rússia, União Soviética, na
China de Mao, na Albânia? Não. Por quê? Porque onde o melhor do ser humano
resistiu, se manteve, foi em Cuba. É onde há uma mistura entre o que vem pela
frente, o que passou e o que ficou de lá de trás. Ou seja, há um futuro que se
constrói dia a dia, mas, em que o passado serve de embasamento, serve de apoio,
serve de referência e, para você que estiver lá, de firmeza revolucionária. É
isto."

Eliete Barbosa Eu
lembro bem, não estava nada cansada. Foi boa. Já tive piores. Mas, também já tive
melhores.

Gastão Cavalcanti Os cubanos, para mim, eram referências socio-político-econômicas, não eram pessoas. E eu nem curto muito a música, prefiro a literatura. Mas, naquela noite acho que comecei a mudar de perspectiva, vi que as pessoas estavam vivendo a vida... Vá lá: no geral, pareciam felizes. E nem tão mal assim... Agora, o quanto de revolucionário há em simplesmente viver a vida, não sei. Agora, a música... Fazendo a escolha certa, é sempre bom comemorar!
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